Sem Medo de Envelhecer!
“Devemos aprender durante toda a vida, sem imaginar que a sabedoria vem com a velhice” – Platão.
“Devemos aprender durante toda a vida, sem imaginar que a sabedoria vem com a velhice” – Platão.
A capa da Revista Veja São Paulo (01.11.2017) estampa o titulo “60 serviços para quem tem mais de 60”. Seleciona atividades a atrações, incluindo treino de crossfit, aula de bonsai, viagens, curso de smartphone e até baladas.
Pergunta: onde estão os “velhinhos” que aguardavam com ansiedade a aposentadoria, candidatando-se a “jogar conversa fora” no bar da esquina, ou encontrar-se com outros candidatos ao banco da praça mais próxima?
Envelhecer é inevitável e lidar com suas consequências tem se tornado um dos maiores desafios do século 21. As análises demográficas demonstram que o envelhecimento progressivo da população e o consequente aumento da expectativa de vida têm sido considerados uma tendência mundial. Esse panorama tem gerado a busca pela compreensão deste fenômeno e discussões sobre questões relativas à terceira idade.
A pesquisadora e professora Adiliana dos Santos Peres, em sua dissertação de mestrado, afirma que “O aumento global da população com mais de 60 anos tem despertado a atenção de vários segmentos da sociedade, devido ao seu crescimento demográfico e ao poder aquisitivo atribuído a este grupo” (Empreendedorismo e Envelhecimento: perspectivas de uma nova relação de trabalho na maturidade – 2014). Essa mudança na sociedade tem acarretado novas necessidades, demandas e questionamentos sobre as condições de sobrevivência digna em um país como o Brasil, que apresenta diversos problemas ainda primários para a população adulta e jovem, como educação, trabalho, saúde e outros.
É fato que, muitas pessoas chegam hoje a esse momento da vida com mais saúde e dinheiro no bolso, afirma José Eustáquio Diniz Alves (Doutor em Demografia – ENCE/IBGE), e explica que “envelhecimento e longevidade são dois conceitos correlacionados, mas que têm acepções diferentes. Longevidade significa característica ou qualidade do longevo; duração da vida mais longa que o comum. Envelhecimento significa ato ou efeito de envelhecer; ato ou efeito de tornar-se velho, mais velho, ou de aparentar velhice ou antiguidade”. Com novas tecnologias e avanços médicos a tendência é de aumento progressivo na longevidade humana. Quanto mais longeva, mais envelhecida é a pessoa e nesse sentido os dois conceitos possuem acepções semelhantes.
Representantes da SBD (Sociedade Brasileira de Dermatologia) e profissionais de diferentes áreas, participaram no Rio de Janeiro de Seminário (2018) ampliando o debate sobre o tema envelhecimento, tendo em mãos dados do IBGE onde aponta que, em 2030, a cada 100 crianças haverá 100 idosos.
“O Envelhecimento pode ser uma etapa da vida prazerosa e com qualidade de vida, embora não exista um padrão único de velhice e que esta experiência deve ser considerada genericamente como bem ou mal sucedida, menos ou mais guiada por comportamentos fixos e por estilos de vida engajados: participar de programa ou iniciar determinados tipos de atividades” (Carlos Alberto Belluzzo Godoy – O Projeto de Vida da Velhice na Mídia Impressa: uma análise das colunas de Mirian Goldenberg na Folha de São Paulo – 2012 a 2016).
Uma perspectiva que tem ganhado força nos últimos anos é a do envelhecimento ativo. Segundo esta perspectiva, o envelhecimento é um processo que se inicia muito antes da chamada “terceira idade”. O ILC (Centro Internacional de Longevidade – 2015) afirma que “o envelhecimento ativo é uma abordagem baseada em direitos, e não em necessidades”, ou seja, é necessário que exerça a igualdade de oportunidade, respeito à diversidade e participação. (Trabalho de Evilázio Viana dos Santos, Fernanda Cristina da Silva, Antônio Carlos Brunozi Junior – Determinantes Socioeconômicos da Longevidade: um estudo em Municípios de Minas Gerais – 2017).
Resposta à pergunta do artigo:
A geração dos “sessenta”, homens e mulheres, não são pessoas que estão paradas no tempo. Lidam com o computador como se o tivessem feito a vida toda. Escrevem aos filhos que estão longe e até esquecem do velho telefone para contatar os amigos; mandam e-mails ou whatsapp com as suas notícias, ideias e vivências, e “curtem” todas aquelas atividades, atrações e modalidades como as citadas no início do artigo.
Sexalescentes ou Sexygenários? É a geração que rejeita a palavra “sexagenária”, porque simplesmente não está nos seus planos deixar-se envelhecer (Mirian Goldemberg – antropóloga, pesquisadora e professora da UFRJ).